A perfeição de Abraão
Ao tratar do assunto “perfeição” alguns irmãos acreditam que o Senhor pode considerar perfeito um homem que em determinadas ocasiões peca, um homem que em determinadas ocasiões ainda demonstra algum defeito de caráter. Para comprovar esta crença citam a vida de Abraão como um exemplo de homem considerado perfeito na bíblia embora ainda revelasse em sua vida atos de uma pessoa imperfeita. (Veja Nisto Cremos pág. 160)
Existe a possibilidade que Senhor considere um homem justo, íntegro, reto ou perfeito estando ele ainda em pecado, demonstrando ainda possuir algum defeito de caráter? Vejamos a seguir textos da lição da escola sabatina que nos mostram em que condições o Senhor considera um homem justo.
– Quando Deus considera justo
Quando o Senhor considera que um homem é justo, que foi justificado em Jesus Cristo, é porque ele foi libertado da condenação e também libertado do pecado.
Vejamos este comentário da lição da escola sabatina:
“O estudo do verbo imputar no Antigo Testamento revela que Deus nunca considera que alguém é alguma coisa que ele não é. Por exemplo, Finéias foi considerado como justo porque, em virtude de sua união com Deus, ele era justo. (Ver Sal. 106:30 e 31; Núm. 25:10-13.) Pode-se dizer a mesma coisa de Abraão. A justiça lhe foi imputada porque sua fé envolveu total união com o Deus do concerto eterno. A imputação expressava a realidade de que a justiça de Deus tomara posse da vida de Abraão. Como é salientado pela lição, a imputação da justiça (justificação) é a concessão da justiça de Cristo ao crente pelo Espírito Santo. Esta experiência é a fonte de nosso poder espiritual.” Lição da Escola Sabatina 2° Trim. 1990, pág. 63 – Cristo O Único Caminho
“Em nenhuma das 41 vezes que o verbo justificar é usado no Antigo Testamento Hebraico Deus declara justo a alguém que não o é . por exemplo, Êxodo 23:7 diz o seguinte:”Da falsa acusação te afastarás; não matarás o inocente e o justo, porque não justificarei o ímpio.” O ponto é que o Senhor nunca declara justo àquele que não se tornou justo pela relação do conserto com Ele. Essa relação abrange a presença de Deus na vida. Ele declara justos àqueles que são justos em virtude de Sua presença na vida deles. Sal. 143:2 diz que “frente a Ti nenhum vivente é justo” (BJ). (Comparar com Jó 9:15.) Nenhuma pessoa, nem mesmo Jó, pode afirmar que possui justiça independentemente do Senhor. Justiça à vista de Deus é o resultado de Sua presença divina no coração do crente. (Ver Isaías 51:7; 61:3; 32:15 e 16; 45:24; Sal. 103:17 e 18; Osé. 10:12.) lemos em Isaías 53:11: “O meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos .” A frase também pode ser traduzida desta maneira: “Pelo seu conhecimento o Meu Servo justo fará com que muitos se tornem justos.”
J. A. Ziesler comenta:”Também é possível que eles sejam justos devido à ação vicária do Servo e na medida em que outros O reconheçam como seu representante […] O Servo pode ser a causa não de muitos serem considerados justos, mas de realmente de serem justos.”- The Meaning of Righteousness in Paul (Cambridge: University press, 1972), pág.19.
H.H. Rowley diz o seguinte sobre o mesmo verso: “A palavra traduzida por justificar é comumente um termo forense, que significa declarar que a pessoa está com a razão. Aqui, porém, ela não pode ter esse significado. Se homens que estão cientes do seu pecado são declarado justos, isto se dá porque eles se tornaram justos. Separaram-se de seus pecados e foram purificados em sua natureza interior.” From Moses to Qumran:Studies in the Old Testament (Nova Iorque: Associated Press, 1963), pág. 102.
Romanos 6:18 descreve os cristãos que experimentam a justificação: “E, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.”Para satisfazer os reclamos da lei, nossa fé tem de apoderar-se da justiça de Cristo, aceitando-a como nossa justiça. Mediante a união com Cristo, mediante a aceitação de Sua justiça pela fé, podemos ser habilitados para fazer as obras de Deus e ser cooperadores de Cristo.” Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 374 ver também a pág. 394
Estude também Romanos 10:6-10; 8:9e10; 6:7; Gál.2:16 a 3:9
Lição da Escola Sabatina 2° trim. 1990, “Cristo O Único Caminho” pág. 46 e 47.
Vimos na lição que são considerados justos aqueles que: “Separaram-se de seus pecados e foram purificados em sua natureza interior.”
Vamos analisar o que a serva do Senhor escreveu sobre a vida de Abraão e analisar se o Senhor realmente o considerou perfeito ignorando seus pecados ocasionais e analisar também o tipo de obediência que o Senhor requer do homem.
“Deus havia chamado Abraão para ser o pai dos fiéis, e sua vida devia ser um exemplo de fé para as gerações subseqüentes. Mas sua fé não tinha sido perfeita. Mostrara falta de confiança em Deus, ocultando o fato de que Sara era sua esposa, e novamente com o seu casamento com Hagar. Para que atingisse a mais elevada norma, Deus o sujeitou a outra prova, a mais severa que o homem jamais foi chamado a suportar. Em uma visão da noite foi-lhe determinado que se dirigisse à terra de Moriá, e ali oferecesse seu filho em holocausto sobre um monte que lhe seria mostrado.” Ellen G. White, Patriarcas e Profetas pág. 147
Vemos claramente que no momento em que Abraão cometeu os pecados ao ocultar que Sara era sua esposa e se casar com Hagar, naquele momento, Abraão ainda não havia atingido “a mais elevada norma”. Se Abraão ainda não havia atingido a “mais elevada norma” então nós não podemos afirmar que naquele momento Abraão era considerado perfeito, porque “a mais elevada norma” é o estado de santidade que o Senhor requer do homem, a perfeição de caráter e Abraão ainda não havia atingido esse nível de santidade.
“O sacrifício exigido de Abraão não foi somente para seu próprio bem, nem apenas para o benefício das gerações que se seguiram; mas também foi para instrução dos seres destituídos de pecado, no Céu e em outros mundos. O campo do conflito entre Cristo e Satanás – campo este em que o plano da salvação se encontra formulado – é o compêndio do Universo. Porquanto Abraão mostrara falta de fé nas promessas de Deus, Satanás o acusara perante os anjos e perante Deus de ter deixado de satisfazer as condições do concerto, e de ser indigno das bênçãos do mesmo concerto. Deus desejou provar a lealdade de Seu servo perante o Céu todo, para demonstrar que nada menos que perfeita obediência pode ser aceito, e para patentear de maneira mais ampla, perante eles, o plano da salvação.” Patriarcas e Profetas pág. 154-155
O Senhor não aceita “nada menos que perfeita obediência”. Ele não ignora os pecados ocasionais. Não podemos ter como referência o momento em que Abraão estava demonstrando falta de fé. A principal lição de Abraão para nós não são suas faltas e sim aquele momento que ele estava disposto a sacrificar seu filho demonstrando total confiança em Deus. O Senhor havia sujeitado Abraão a esta prova para que ele atingisse “a mais elevada norma” e pela graça de Deus ele foi vitorioso. Foi naquele momento que Abraão pôde ser considerado justo, íntegro e perfeito.
“Os seres celestiais cooperarão com o agente humano que procura com fé decidida a perfeição de caráter que se manifeste na ação perfeita. A todo que se empenha nesta obra, Cristo diz: Estou à tua destra, para te auxiliar.” Ellen G. White, Parábolas de Jesus pág. 332
Oração: “Ensina-me o Teu caminho, para que eu não erre. Qual é o Teu desejo a meu respeito? Que farei para honrar-Te, meu Deus?” Ellen G. White, Eventos Finais, pág. 71
Deus, somente Deus seja louvado em nossa vida!
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