A vontade de Cristo
“Eu não posso de Mim mesmo fazer coisa alguma: Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do meu Pai que me enviou”. João 5:30
Pastor Dennis Priebe em uma mensagem sobre a humanidade de Cristo, fez o seguinte comentário sobre esse verso:
“Eu esperaria que Jesus dissesse: Eu Busco a Minha vontade e a vontade do meu Pai, porque elas são iguais”.
Caso alguém queira conferir vamos deixar a seguir, o link dessa mensagem e também o tempo em que o Pr. Dennis Priebe faz esse comentário.
https://www.youtube.com/watch?v=jw797e6X44U&t=2410s Tempo 4:00 até 4:15.
No tempo 39:38s a 39:46s o Pr. Dennis Priebe também faz o seguinte comentário:
“Todos os dias de Sua vida Jesus tinha que fazer uma decisão entre Sua vontade que O teria levado a pecar se Ele tivesse seguido e a vontade de Seu Pai celestial”.
Será que tendo esse verso, João 5:30 como referência podemos mesmo chegar à conclusão que a vontade de Jesus por algum momento que seja, não esteve em harmonia com a vontade de Deus? Algum desejo ou vontade que caso Ele tivesse seguido O levaria a pecar?
Será que a afirmação do Pr. Dennis Priebe no tempo 39:38s a 39:46s de que, se Cristo tivesse seguido Sua vontade Ele teria pecado é verdadeira? Será que posso concluir a partir João 5:30 que a vontade de Jesus esteve, em algum momento corrompida, voltada para o pecado? Em outras palavras, sendo ainda mais objetivo: Jesus teve em algum momento, vontade de pecar? Sinceramente, com todo respeito para com as pessoas que pensam como o Pr. Dennis Priebe, confesso que não concordo com esse pensamento.
Jesus não poderia fazer aos fariseus a repreensão que fez em Mat. 23:27 chamando-os de sepulcros caiados, limpos por fora e cheios de imundícias por dentro, se Ele mesmo tivesse tido, mesmo que apenas em algum momento, algum tipo de vontade corrompida.
Mas retomemos ao questionamento. Considerando que existem apenas duas possibilidades, mente dominada por Deus ou pelo inimigo. Notem que Jesus ao referir-se a satanás afirmou: “ele nada tem em Mim” João 14:30. Sobre esta afirmação, Ellen White, inspirada por Deus, escreveu:
“Vem o príncipe do mundo”, disse Jesus; “ele nada tem em Mim”. João 14:30. Nada havia nEle que correspondesse aos sofismas de Satanás. Ele não consentia com o pecado. Nem por um pensamento cedia à tentação”. Desejado De Todas As Nações, p. 123
Vemos quem em Jesus, Satanás não despertava nenhum tipo de desejo ou vontade corrompida. Também vemos que as escolhas de Jesus sempre estavam em harmonia com a vontade de Deus.
No Getsêmani Jesus clamou ao Pai, “Meu Pai, se possível, passe de Mim este cálice! Todavia, não seja como Eu quero, e sim como Tu queres”. Mat. 26:39.
“Mas, acima de tudo Jesus também teve que fazer escolhas, e a maior delas foi a de ir para a cruz mesmo que sua natureza humana gritasse contra isso. ‘ Meu Pai, se possível, passe de Mim este cálice! Todavia, não seja como Eu quero, e sim como Tu queres’. (Mat.26:39)” Lição E S 2º trim. 2016 prof. O Evangelho de Mateus P. 146
Esse texto também pode ser mal interpretado por pessoas que acreditam que Jesus teve algum tipo de propensões para pecar, mas graças ao nosso bom Deus, a mesma lição na página 149, encontra-se uma explicação e um texto do Espírito de profecia esclarecendo o referido texto da página 146.
“Não era a morte física que Jesus temia quando orou para que o cálice passasse dEle. O cálice que Ele temia era a separação de Deus. Jesus sabia que, para Se tornar pecado por nós, para morrer em nosso lugar, para suportar em Si mesmo a ira de Deus contra o pecado, Ele teria que ser separado do Pai. A transgressão da santa lei de Deus era tão séria que exigia a morte do transgressor. Jesus veio precisamente porque iria tomar essa morte sobre Si, a fim de nos poupar dela. Era isso que estava em jogo com relação a Jesus e a nós”.
Lição E S, 2º trim. 2016 O Evangelho de Mateus P. 149
Texto do Espírito de Profecia encontrado na referida lição:
“Com as questões do conflito diante de Si, a alma de Cristo Se encheu de terror da separação de Deus. Satanás lhe dizia que, se Ele Se tornasse o penhor de um mundo pecaminoso, seria eterna a separação. Ele Se identificaria com o reino de Satanás, e nunca mais seria um com Deus. […] O tremendo momento havia chegado – aquele momento que decidiria o destino do mundo. Na balança oscilava a sorte da humanidade. Cristo ainda podia recusar-Se a beber o cálice reservado ao homem culpado. Ainda não era tarde demais. Poderia enxugar da fronte o suor de sangue, e deixar perecer o homem em sua iniquidade. Poderia dizer: Receba o pecador o castigo de seu pecado, e Eu voltarei ao Meu Pai. […] (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações p. 687-689)
Lição E S 2º trim. 2016 O Evangelho de Mateus P. 149
O que incomodava Jesus naquele momento e mais causava nEle agonia era o medo da separação de Deus. A vontade de Jesus não era contrária a vontade de Deus, era simplesmente de ficar sempre ao lado do Pai. Jesus sabia que em algum momento de Sua missão Ele sentiria essa separação e era isso e somente isso que causava agonia no coração de Jesus.
Outro texto do Espírito de Profecia é bastante esclarecedor quanto a essa afirmação de Jesus: “Foi o peso do pecado, a sensação de sua terrível enormidade e da separação por ele causada entre Deus e a alma, que quebrantaram o coração do Filho de Deus.” Caminho a Cristo p. 13
Veremos alguns textos do Espirito de profecia que revelam de uma forma muito clara que o sofrimento de Cristo era por sentir a separação de Deus ao tomar sobre Si os nossos pecados.
“Mas agora, com o terrível peso de culpas que carrega, não pode ver a face reconciliadora do Pai. O afastamento do semblante divino, do Salvador, nessa hora de suprema angústia, penetrou-Lhe o coração com uma dor que nunca poderá ser bem compreendida pelo homem. Tão grande era essa agonia, que Ele mal sentia a dor física”. O Desejado de Todas as Nações, p.532
“Temia que o pecado fosse tão ofensivo a Deus, que Sua separação houvesse de ser eterna. Cristo sentiu a angústia que há de experimentar o pecador quando não mais a misericórdia interceder pela raça culpada. Foi o sentimento do pecado, trazendo a ira divina sobre Ele, como substituto do homem, que tão amargo tornou o cálice que sorveu, e quebrantou o coração do Filho de Deus”. O Desejado de Todas as Nações, p. 533
“Tão terrível Lhe parece o pecado, tão grande o peso da culpa que deve levar sobre Si, que é tentado a temer que ele O separe para sempre do amor do Pai. Sentindo quão terrível é a ira de Deus contra a transgressão, exclama: “A Minha alma está profundamente triste até à morte.” Mar. 14:34”. O Desejado de Todas as Nações, p. 484
“Sentia que, pelo pecado, estava sendo separado do Pai. O abismo era tão largo, tão negro, tão profundo, que Seu espírito tremeu diante dele. Para escapar a essa agonia, não deve exercer Seu poder divino. Como homem, cumpre-Lhe sofrer as consequências do pecado do homem. Como homem, deve suportar a ira divina contra a transgressão”. O Desejado de Todas as Nações, p. 485
VONTADE DE CRISTO SEMPRE AO LADO DA VONTADE DE DEUS
“Cristo foi tentado em todos os pontos como nós; mas Sua vontade foi sempre conservada ao lado da vontade de Deus”. Ellen G. White, NOSSA ALTA VOCAÇÃO MM 1962 p. 105
“Cristo declarou: “Eu desci do Céu não para fazer a Minha vontade, mas a vontade dAquele que Me enviou”. João 6:38. Sua vontade foi ativamente exercida para salvar a alma dos homens. Sua vontade humana era nutrida pela divina. Seus servos hoje fariam bem em perguntar-se a si mesmos: “Que espécie de vontade estou eu, individualmente, cultivando? Tenho eu estado a satisfazer os próprios desejos, mantendo-me em egoísmo e obstinação”? Se assim fazemos, achamo-nos em grande perigo, pois Satanás governará sempre a vontade que não está sob o domínio do Espírito de Deus. Quando pomos à vontade em harmonia com a de Deus, a santa obediência que foi exemplificada na vida de Cristo se mostrará em nossa vida”. Nossa Alta Vocação (Meditações Matinais, 1962), pág. 105.
Nota-se nos textos citados que a vontade de Cristo era sempre nutrida pela vontade de Deus. Assim, o resultado era uma harmonia de sentimentos. O mesmo pode se dar com cada pessoa que coloca a sua vontade nas mãos de Deus, isso possibilitará vida semelhante à vida de Cristo. Vida de plena obediência.
“Cristo tomou a humanidade e suportou o ódio do mundo para que pudesse revelar a homens e mulheres que estes poderiam viver sem pecado, que suas palavras, atos, seu espírito, poderiam ser santificados para Deus. Podemos ser cristãos perfeitos se manifestarmos esse poder em nossa vida. Quando a luz do Céu repousar sobre nós continuamente, representaremos a Cristo. Foi a justiça revelada em Sua vida que O distinguiu do mundo e despertou seu ódio. […] As palavras de Cristo são ditas para Seu povo em todas as épocas – para nós sobre quem o fim dos séculos é chegado. Manuscrito 97, 1909”. Olhando Para o Alto, 1983, p. 297.
Cristo SEMPRE amou a justiça e SEMPRE aborreceu a iniquidade:
“Cristo pôde dizer: “Não busco a Minha vontade, mas a vontade do Pai que Me enviou”. João 5:30. DEle é dito: “Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso Deus, o Teu Deus, Te ungiu com óleo de alegria mais do que a Teus companheiros”. Heb. 1:9. O Pai não Lhe dá “o Espírito por medida”. DTN p.180
“A vontade humana de Cristo não o teria levado ao deserto da tentação, para jejuar e ser tentado pelo diabo. Não o teria levado a suportar a humilhação, o desprezo, a censura, o sofrimento e a morte. Sua natureza humana se encolheu de todas essas coisas, tão decididamente quanto a nossa se retraiu”. Signs of the Times 29 de outubro de 1894
O pastor Dennis Priebe usou também esse texto, no meu entendimento, para tentar provar que a vontade de Cristo era como a vontade dos demais homens.
Esse texto da revista Signs of the Times de 29 de outubro de 1894 deve ser analisado com muito carinho levando em consideração tudo que foi escrito nessa revista nessa data.
Link da revista Signs of the Times de 29 de outubro de 1894
https://m.egwwritings.org/pt/book/820.12518
“O contraste entre a vida e o caráter de Cristo e de nossa vida e caráter é doloroso de se contemplar”. Signs of the Times 29 de outubro de 1894
Vejam, existe um “contraste entre a vida e o caráter de Cristo e de nossa vida e caráter”, e esse contraste, “é doloroso de se contemplar”.
“Jesus Cristo é nosso exemplo em todas as coisas. Ele começou a vida, passou por suas experiências e terminou seu registro, com uma vontade humana santificada. Ele foi tentado em todos os pontos como nós somos, e ainda assim, porque ele manteve sua vontade entregue e santificado, Ele nunca se inclinou no menor grau para fazer o mal, ou para manifestar rebelião contra Deus” Signs of the Times 29 de outubro de 1894
Não devemos ficar arrumando pretexto para nos acomodar com nossos defeitos de caráter. O objetivo do Senhor é que tenhamos nossa vontade SANTIFICADA.
“Aqueles que têm uma vontade santificada, que está em uníssono com a vontade de Cristo, terão, dia após dia, suas vontades ligadas à vontade de Cristo, que agirá em abençoar os outros e reagirá sobre si mesmos com o poder divino. Muitos cultivam as coisas que guerreiam contra a alma; porque os seus desejos e a sua vontade estão contra Deus e são empregados no serviço de Satanás”. Signs of the Times 29 de outubro de 1894
“Quando o poder de Satanás sobre as almas é quebrado, vemos homens ligando sua vontade à cruz e crucificando a carne com afeições e luxúrias. É de fato uma crucificação de si mesmo; porque a vontade é entregue a Cristo. A vontade do homem não é forte demais quando é santificada e colocada ao lado de Cristo”.
Signs of the Times 29 de outubro de 1894
“Cristo foi tentado em todos os pontos como nós; mas Sua vontade foi sempre conservada ao lado da vontade de Deus”. NOSSA ALTA VOCAÇÃO MM 1962 p. 105
“Vem o príncipe do mundo”, disse Jesus; “e ele nada tem em Mim.” João 14:30. Nada havia nEle que correspondesse aos sofismas de Satanás. Ele não consentia com o pecado. NEM POR UM PENSAMENTO CEDIA À TENTAÇÃO”. O mesmo se pode dar conosco. O Desejado de Todas as Nações, p. 123.
“Ele sofreu ao ser tentado, e sofreu proporcionalmente à perfeição de Sua santidade. Mas o príncipe das trevas não achou nada nEle; nem sequer um simples PENSAMENTO OU SENTIMENTO respondeu à tentação”. Ellen White e a Humanidade de Cristo p. 152
O Senhor quer o melhor para seus filhos. O Senhor deseja que tenhamos o caráter santo de Jesus. Devemos “examinar as escrituras” (Jo. 5:39), “crer nos profetas do Senhor” (2 Crônicas 20:20) e ser como os “bereanos” (Atos 17:11) para confirmarmos a vontade de Deus em nossa vida.
Que o nosso maravilhoso Deus seja sempre louvado!
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