CONCUPISCÊNCIA
13- “Ninguém, sendo tentado, diga: de Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta.”
14- “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.”
15- “Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz ao pecado; sendo consumado, gera a morte.”
Alguns estudiosos considerando o texto de Tiago 1:14 ensinam que a concupiscência não é pecado, mas sim algo que gera ou concebe o pecado. Esse ensinamento não é correto. Afirmar que a concupiscência ou cobiça não é pecado é estranho porque de uma forma muito clara contradiz o que nos ensina o Senhor no décimo mandamento no qual o Senhor nos ensina de forma muito clara que COBIÇA OU CONCUPISCÊNCIA é pecado sim.
A Lição da Escola Sabatina CARTA DE TIAGO, de 2014 descreve um comentário interessante: “Tiago é enfático. Deus não é autor do mal nem é a fonte da tentação. O próprio mal é a fonte da tentação. De acordo com essa passagem, o problema está dentro de nós. Essa é a principal razão pela qual é tão difícil resistir à tentação. Assim, a batalha contra o pecado começa na mente. Por mais que muitos não queiram ouvir isso, a verdade é que escolhemos pecar. Ninguém pode nos forçar (Rm 6:16-18). Desejos pecaminosos, inclinações e tendências captam constantemente a nossa atenção. Usando termos comuns caça e pesca, Tiago 1:14 descreve esses impulsos interiores. Nossos próprios desejos nos atraem e seduzem e quando cedemos a eles, somos finalmente fisgados e presos na armadilha”. Lição da Escola Sabatina 4T/2014, Carta de Tiago, Lição Professor, p. 30.
“De acordo com essa passagem, o problema está dentro de nós”, “o pecado começa na mente”. Esse tipo de tentação é pecado por se tratar de manifestação de defeito de caráter ainda mantido na vida. São os “IMPULSOS INTERIORES”, citados na nossa lição revelando que ainda temos um caráter defeituoso. Fato importante e que precisamos entender, é que tolerar que continuemos tendo um caráter defeituoso é pecado, Não podemos usar a natureza pecaminosa como desculpa para continuarmos possuindo defeitos de caráter, pois o nosso maravilhoso Deus está disposto a nos conceder plena transformação e purificação do nosso caráter para torná-lo semelhante ao de Cristo, mesmo ainda estando com a natureza pecaminosa. Isso é maravilhoso não!
“Pelas quais nos têm sido doadas as suas mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participante da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo”. 2 Pedro 1:4
Manter, possuir, defeito de caráter é pecado pois a graça de Deus está disponível para corrigir qualquer defeito de caráter.
“Nunca devemos abaixar a norma de justiça com o fim de acomodar à prática do mal, tendências herdadas ou cultivadas. Precisamos compreender que imperfeição de caráter é pecado. Todos os justos atributos de caráter habitam em Deus como um todo perfeito e harmonioso, e todo aquele que aceita a Cristo como Salvador pessoal, tem o privilégio de possuir estes atributos”. P J, p. 330
Agora importantíssimo saber: QUANDO o pecado se manifesta na vida daquele que possui esse defeito de caráter, que é a CONCUPISCÊNCIA OU COBIÇA?
Acredito claro e evidente que esse defeito de caráter que Tiago cita como exemplo, se manifesta na nossa mente no momento QUE COBIÇAMOS OU DESEJAMOS ALGO ILÍCITO.
ORIGEM DA PALAVRA CONCUPISCÊNCIA
“Concupiscência é o termo utilizado para designar a cobiça ou apreço por bens materiais, assim como os prazeres sexuais. Etimologicamente, este termo se originou a partir do latim concupiscens, que significa “o que tem um forte desejo”, que deriva da palavra concupera, que quer dizer “ter forte desejo”.
A pessoa na qual se manifesta a concupiscência, ou seja, se manifesta “um forte desejo” por bens matérias ou prazeres sexuais, revelando que essa pessoa ainda possui defeito de caráter e manter defeito de caráter é pecado.
Manter defeito de caráter é pecado, é estar em pecado.
A seguir, dois textos inspirados por Deus que nos esclarecem sobre a possibilidade de um caráter transformado:
“Então somos purificados de todo pecado, de todos os defeitos de caráter. Não precisamos reter nenhuma propensão pecaminosa”. Comentários de Ellen G. White, SDABC, vol. 7, pág. 943 (Lição da Escola Sabatina, 2T/1990, pág. 50)
“Nunca devemos abaixar a norma de justiça com o fim de acomodar à prática do mal, tendências herdadas ou cultivadas. Precisamos compreender que imperfeição de caráter é pecado”. Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 330.
Quando que o defeito de caráter, cobiça, dá origem ao pecado?
Não podemos dar a Tiago uma interpretação ignorando o que o Senhor nos ensinou no evangelho de Mateus e também o que o apóstolo Paulo nos ensinou no livro de Romanos: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela” Mateus 5:27-28 Versão João Ferreira de Almeida Revista e Corrigida.
Segundo o que nos ensinou Jesus assim que eu desejo ou cobiço uma mulher tendo pensamentos impuros, já em meu coração cometi adultério, ou seja, já pequei. Interessante é que nessa versão o exemplo dado por Jesus nos revela quando a cobiça gera o pecado. Segundo Jesus o pecado surge assim que em nossa mente se manifesta a cobiça com desejos impuros.
Na carta de Paulo aos Romanos, há um texto bastante esclarecedor a esse respeito. Veja que o apóstolo Paulo define pecado como sendo transgressão da lei, e segundo o apóstolo a concupiscência é a manifestação da quebra do mandamento não cobiçarás:
“Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás”. Romanos 7:7, Versão João Ferreira de Almeida Revista e Corrigida.
Diante desses argumentos como afirmar então que o apóstolo Tiago está nos ensinando em Tiago 1:14-15 que concupiscência não é pecado, mas sim algo que gera o pecado?
Como harmonizar o pensamento de que a concupiscência não é pecado, mas sim algo que gera ou concebe o pecado com os textos bíblicos que veremos a seguir.
1- As concupiscências devem ser ELIMINADAS da vida dos salvos em Jesus:
“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens. Ensinando-nos que, RENUNCIANDO a impiedade e ás CONCUPISCÊNCIAS mundanas, vivamos no presente século, sóbria, justa e piamente”. Tito 2:11-12
“Amados, peço-vos, como peregrinos e forasteiros, que vos ABSTENHAIS DAS CONCUPISCÊNCIAS CARNAIS que combatem contra a alma”. 1 Pedro 2:11
“MORTIFICAI, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: A fornicação, a impureza, a afeição desordenada, A VIL CONCUPISCÊNCIA e a avareza, que é idolatria”. Colossenses 3:5
“Pelas quais nos tem dado gradíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo” 2 Pedro 1:4
2- A concupiscência é uma característica dos que ainda estão perdidos:
“Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância”. 1 Pedro 1:14
“Não na PAIXÃO DA CONCUPISCÊNCIA, como os gentios, que não conhecem a Deus”. 1Tessalonicenses 4:5
Definição de concupiscência – algo que procede do mundo não do Pai:
“Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo”. 1 João 2:16
“Mas os que querem ser ricos caem em tentação, em laço e em muitas CONCUPISCÊNCIAS LOUCAS E NOCIVAS, que submergem os homens na perdição e ruina”. 1 Timóteo 6:9
3- Cristo nos liberta:
“Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências”. Romanos 13:14
4- Duas opções, Deus ou o pecado:
“Para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus” 2 Pedro 4:2
“Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne”. Ezequiel 36:26
“A fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito”. Rom 8:4-5
“Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”. Gal. 2:20
Até o presente momento, estamos falando de um tipo de tentação que é pecado por simplesmente serem tentações que revelam que ainda possuirmos um caráter defeituoso.
Curioso é que na mesma lição da escola sabatina nos foi mostrado quando tentação não é pecado.
QUANDO TENTAÇÃO NÃO É PECADO
LIÇÃO: Escola Sabatina Carta de Tiago 2014:
“Tiago separa claramente a tentação do pecado. O problema não é a tentação, mas como reagimos a ela. Ter uma natureza pecaminosa não é pecado. NO ENTANTO, É PECADO PERMITIR QUE A NATUREZA PECAMINOSA CONTROLE NOSSOS PENSAMENTOS E DITE NOSSAS ESCOLHAS. Assim temos as promessas, encontradas na Palavra de Deus, que nos oferecem garantias de vitória, se as reclamarmos para nós mesmos e nos apegarmos a elas pela fé”. Lição da Escola Sabatina 4T/2014 Carta de Tiago, Lição Professor, p. 30.
Nesse caso agora nossa lição da Escola Sabatina está nos falando de outro tipo de tentação que é estímulos ou provocações exteriores, provocadas pelo inimigo das almas, tentado despertar em nós algum pensamento ou desejo contrário a vontade de Deus. Tentando encontrar em nós algum defeito de caráter. Jesus veio ao nosso mundo tomou a nossa natureza e nunca teve um pensamento ou desejo que contrariasse a vontade de Deus provando assim que nossa natureza caída não é desculpa para que continuemos tendo diante de determinadas circunstâncias pensamentos ou desejos pecaminosos.
“Tive a liberdade e poder para apresentar Jesus, que tomou sobre Si as fraquezas e levou a dor e as tristezas da humanidade, vencendo em nosso favor. Ele foi feito à semelhança de Seus irmãos, com as mesmas susceptibilidades físicas e mentais. Assim como nós, em tudo Ele foi tentado, mas sem pecar, e Ele sabe como socorrer aqueles que são tentados”. Ellen White e a Humanidade de Cristo pág. 152
“Cristo […] não transgrediu a lei de Deus em nenhum detalhe. Mais que isso, Ele eliminou qualquer desculpa do homem caído que pudesse alegar alguma razão para não guardar a lei de Deus. Cristo estava cercado das fraquezas da humanidade, era afligido com as mais ferozes tentações, tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, e mesmo assim desenvolveu um caráter reto. Nenhuma mancha de pecado foi encontrada sobre Ele”. -ST, 16/01/1896; Ellen White e a Humanidade de Cristo, p. 173.
“No Seu íntimo dominava o mais puro amor, livre de toda mancha de egoísmo e pecado. Sua vida era perfeitamente equilibrada. Ele é o único verdadeiro modelo de bondade e perfeição”. Mente, Caráter e Personalidade vol. 1 p 182
“Ele sofreu ao ser tentado, e sofreu proporcionalmente à perfeição de Sua santidade. Mas o príncipe das trevas não achou nEle; nem sequer um simples PENSAMENTO OU SENTIMENTO respondeu à tentação”. Ellen White e a Humanidade de Cristo p. 152
TEXTOS SOBRE A ABRANGÊNCIA DA LEI DE DEUS
“Diz o salmista: “A lei do Senhor é perfeita.” Quão admirável em sua simplicidade, sua amplitude e perfeição, é a lei de Jeová! É tão breve, que nos é possível decorar facilmente cada preceito, e todavia tão abrangente que exprime toda a vontade de Deus, e toma conhecimento não somente das ações exteriores, mas dos pensamentos e intenções, dos desejos e emoções do coração”.
“Se a lei alcançasse apenas a conduta exterior, os homens não seriam culpados em seus maus pensamentos, desejos e desígnios. Mas a lei requer que a própria alma seja pura e a mente santa, para que os pensamentos e a sensibilidade estejam de acordo com a norma de amor e justiça”. ME vol. 1 p. 211
“Cristo tomou a humanidade e suportou o ódio do mundo para que pudesse revelar a homens e mulheres que estes poderiam viver sem pecado, que suas palavras, atos, seu espírito, poderiam ser santificados para Deus. Podemos ser cristãos perfeitos se manifestarmos esse poder em nossa vida. Quando a luz do Céu repousar sobre nós continuamente, representaremos a Cristo”. Olhando Para O Alto p. 297
DEFEITO DE CARÁTER
Bom frisar novamente, manifestação de propensão para pecar é o mesmo que manifestação de defeito de caráter.
Caráter purificado. “Precisamos compreender que pele fé em Cristo é nosso privilégio ser participante da natureza divina e livrar-nos da corrupção das paixões que há no mundo. Então somos purificados de todo pecado, de todos os defeitos de caráter. Não precisamos reter nenhuma propensão pecaminosa”. Comentários de Ellen G. White, SDABC, vol. 7, pág. 943 (Lição da Escola Sabatina 2° Trim. 1990 pág. 149)
Infelizmente o que vemos hoje são pessoas tentando dar a Palavra de Deus uma interpretação que leva as pessoas a acreditarem que determinadas manifestações, pensamentos, desejos contrários a vontade de Deus não seja pecado. Essas pessoas estão abaixando a norma da justiça, estão fazendo exatamente aquilo que Deus pediu para não fazermos.
“De todos é requerido perfeição moral. Nunca devemos abaixar a norma de justiça com o fim de acomodar à prática do mal, tendências herdadas ou cultivadas”. Parábola de Jesus p.33